A GUERRA DO FOGO
- CineScience UESC
- 21 de ago. de 2019
- 2 min de leitura

A Guerra do Fogo é um filme franco-canado-estadunidense de 1981, do gênero drama, ação e aventura, dirigido por Jean-Jacques Annaud, com roteiro de Gérard Brach baseado no romance La Guerre du feu, de J.-H. Rosny aîné. Anthony Burgess e Desmond Morris foram responsáveis pela linguagem criada especialmente para o filme.
Com locações na Escócia, Islândia, Quênia e Canadá, o filme é ambientado na Europa paleolítica e aborda a luta pelo controle do fogo pelos humanos primitivos.
Na pré-história, a pouco desenvolvida a tribo Ulam é composta por membros que se comunicam por gestos e grunhidos e acreditam que o fogo é sobrenatural. Quando a fonte única de calor se apaga após um ataque, três guerreiros saem numa jornada em busca de outra chama e acabam conhecendo os Ivaka, grupo com hábitos avançados e comunicação complexa, além de domínio da produção do mítico fogo.
Trata-se de dois grupos de hominídios pré-históricos: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural e outro que dominava a tecnologia de fazer o fogo. Em termos de linguagem, o primeiro não está muito longe dos demais primatas, emitindo gritos e grunhidos quase na totalidade vocálicos. Esse tipo de comunicação assemelha-se ao que Rousseau considera, em seu Ensaio sobre a origem das línguas, como a primeira manifestação de linguagem no homem, que é a expressão de suas paixões, como a dor e o prazer.
Já o segundo grupo parece ter uma comunicação mais complexa, com maior número de sons articulados. Há outros elementos culturais, como habitações e ritos, que denotam um maior grau de complexidade do segundo grupo com relação ao primeiro.
Um dos temas que envolvem a discussão sobre a naturalidade da linguagem falada é o que versa sobre a sua origem. O filme A Guerra do Fogo, de Jean-Jacques Annaud, é uma interessante especulação a esse respeito, e ajuda a refletir sobre a questão.
Com uma incrível fotografia e maquiagem, é um filme que trata do tema da pré-história, do nascimento de algumas tecnologias, tratando de um período que poucos conhecem e estudam.
A necessidade de preservação desse conhecimento pelo homem, dessa tecnologia, levou-o a sofisticar a sua capacidade de comunicação. A princípio, sua linguagem pode ter sido meramente gestual, mas ele descobriu que os sons também poderiam se prestar a essa função.
A guerra do fogo é um documento de nossa história, pois corresponde a um acontecimento que teve existência no passado. É um filme original e peculiar, quase um documentário de antropologia com uma história concreta e bem estruturada, abrindo espaço para o estudo do comportamento humano pré-histórico com notável diferença já citada entre a origem da linguagem, raízes da espécie humana e pelo florescer da razão e das tecnológicas.
O filme pode ser monótono e cansativo para quem não tem curiosidade pelo tema. Mas aqueles que se interessam não só pela origem da linguagem, mas pelas raízes da espécie humana e pelo florescer da razão e das tecnologias, irá apreciar o filme.
Escrita por: Roseliz Campêlo , estudante de Ciências Biológicas (UESC)
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