O VENTO SERÁ TUA HERANÇA
- CineScience UESC
- 21 de ago. de 2019
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O Vento Será Tua Herança, no original Inherit the Wind, é um grande clássico do ano 1960. Relata uma história real – o famosíssimo caso do julgamento, em 1925, em uma pequena cidade do sulista Tennessee, de um professor de ginásio que ousou desafiar a lei estadual que proibia o ensinamento da teoria da evolução nas escolas públicas. O caso que chamou a atenção de toda a imprensa americana da época ficou conhecido como The Scopes Monkey Trial, ou simplesmente The Monkey Trial – O Julgamento do Macaco. Mas o filme não pretende ser um relato fidelíssimo do caso, uma reconstituição cuidadosa. Toma muitas liberdades. Para deixar isso claro, os nomes de todos os personagens e o da própria cidade foram alterados.
O filme nem tem a intenção de ser uma narrativa isenta, neutra de jeito nenhum. É explicita, contra a lei que proibia o ensino do evolucionismo, é pró-Darwin. Para muitos, poderá parecer anticristão, anti-religião, tão chamativo a favor do respeito às Ciências. Mas não é, de forma alguma. É sobretudo uma crítica vigorosa, forte e poderosa, do filme a favor da liberdade de expressão, do respeito à divergência, ao contraditório. E, neste sentido, o filme de 1960 é atualíssimo para o Brasil de hoje, um país de um povo que já foi tido como cordial e agora se divide entre os partidários de duas visões diferentes da política, da sociedade, da economia, num clima de beligerância, intolerância, irritabilidade, hostilidade – um clima de guerra em que um lado se recusa a ouvir os argumentos do outro com paciência, atenção, respeito. Essa alusão com o filme sugere aos telespectadores um cenário atemporal , mesmo que haja informações que comprovem tais argumentos, o outro não mudará de ideia até ser vencido pelo cansaço (ou não).
O filme questiona sobre o papel do professor na sala de aula. Será que ele deve ensinar o que acontece no mundo ou “adestrar” jovens com conteúdos direcionados por aqueles que controlam a educação? É perceptível que o professor não tem voz e não se manifesta durante o julgamento , pois nem o próprio professor sabe com quem está lutando contra. A forma dramática de apresentar o filme é também para mostrar que é tão patética a discussão , que até naquela época o assunto “evolução” já estava sendo familiarizado. Por fim, essa discussão levou a prisão do professor.
Escrito por: Caio Farias, estudante de Ciência Biológicas (UESC)
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